terça-feira, 25 de agosto de 2009

Corrupção faz Brasil virar paraíso de megatraficantes



Lavagem de dinheiro e suborno de policiais são facilitados, dizem especialistas
A cooptação de laranjas e a compra de bens com dinheiro vivo também são motivos; em 11 dias,dois colombianos foram presos
MARIO CESAR CARVALHO(Folha de SãoPaulo)
O Brasil tornou-se um dos destinos prediletos de megatraficantes de cocaína. A principal evidênciada mudança são as prisões dos colombianos Juan Carlos Ramírez Abadía e Gustavo Durán Bautistanum período de 11 dias -o primeiro no último dia 7, o outro, no dia 18. Se esticar o prazo para o anopassado, pode acrescentar mais um traficante de porte internacional na conta: o também colombianoPablo Rayo Montano, preso em maio de 2006 pela PF em São Paulo.
A lista pode aumentar. A PF e policiais dos Estados Unidos têm indicações de que companheirosde cartel de Abadía podem estar no Brasil. Um dos suspeitos integra o grupo dos cinco traficantes maisprocurados pelos EUA.
Não há uma única razão para explicar por que os traficantes preferem o Brasil. Mas há um motivoque atravessa todas essas razões: a corrupção. O motivo é apontado por especialistas da PolíciaFederal, por juízes federais e procuradores. Segundo eles, é a corrupção que facilita a lavagem dedinheiro em grande escala, o suborno de policiais, a cooptação de laranjas e a compra de bens comdinheiro vivo.
As prisões de Abadía, apontado pelos EUA como o maior traficante em atividade do mundo, e
Durán Bautista são uma espécie de resumo da ópera das facilidades que o país oferece a traficantes.
Abadía comprou uma mansão na Grande São Paulo, casas de praia em Jurerê Internacional, em
Florianópolis, e em Angra dos Reis, no sul do Rio de Janeiro, um sítio em Minas Gerais e uma lancha deR$ 2 milhões sempre com dinheiro vivo. Só com imóveis, o traficante teria gasto cerca de R$ 8 milhões,segundo depoimentos de laranjas do traficante.
Não eram laranjas quaisquer os de Abadía. Um deles tinha uma loja de jet-ski em São Paulo. O
outro era piloto e tinha quatro empresas que o traficante usava para movimentar o dinheiro sujo no país.
País das facilidades
"É muito fácil lavar dinheiro no Brasil. O controle é muito precário", diz o delegado da PF Luiz
Roberto Ungaretti Godoy, que trabalha na Delegacia de Repressão a Entorpecentes e ajudou a
investigar Durán Batista até sua prisão no Uruguai.
O Brasil, na opinião do delegado, é mais atraente para traficantes do que países supostamente
mais seguros, como a Venezuela, que não tem escritório do DEA (Drug Enforcement Administration, aagência antidrogas dos EUA) por causa do anti-americanismo do presidente Hugo Chávez.
Abadía estava na Venezuela antes de vir para o Brasil há quatro anos. Aparentemente, saiu de lá
porque temia ataques de seus inimigos colombianos, vizinhos de fronteira. Lá também não há a
diversidade de negócios que existe no Brasil.

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