domingo, 2 de agosto de 2009

CONTO DE UM AUTOR DESCONHECIDO

PESSOAL ACHEI ESSE POST NA PÁGINA DO SINDICATO DOS POLICIAIS FEDERAIS, MAS SERVE PARA NÓS TAMBÉM.O QUE VOCÊS ACHAM?

31/07/2009
Em primeiro lugar, gostaria de me desculpar pela minha ignorância. Não sou administrador de empresas. Também não sou Bacharel em Direito. Tampouco tenho experiência na “gestão da máquina pública”. Sou, simplesmente, um ND. Isso mesmo apenas uma sigla em um Departamento que me rotulou como tal: Não-Delegado.
Não sou João, Joaquim, Maria ou Júlia. Tiraram meu nome. Não tenho sequer um cargo. Sou ND e pronto. Quer eu me conforme com isso ou não? Tenho poucos direitos onde trabalho. Também tenho poucos deveres. Não me valorizam e não me cobram qualquer produtividade. Vivo naquela: acham que me enganam e finjo que sou enganado. É o tal do pacto da mediocridade.
Cheguei a um ponto da vida profissional em que as notícias da instituição já não me interessam. Estou cansado de projetos que não se realizam, programas que não dão certo ou promessas que morrem antes que percebamos sua curta vida. Todavia, por uma dessas coincidências do destino, estava passando pelo cartório da unidade onde trabalho, quando me deparei com uma notícia em uma página que julgo ser a intranet do DPF. Parei e fiquei a observar, como “burro olhando para palácio”, sem entender grande coisa. Lembro a todos que não sou administrador de empresas ou bacharel em direito.
Mas, movido pela curiosidade, quis ler a notícia. Palavras pomposas recheavam um texto que poderia muito bem estar em um dos sites da IBM ou da Microsoft: “gestão por competência”, “lotacionograma”, “prospecção de cenários” e outras que me deixaram envergonhado, pois depois de ler atentamente o texto, sobraram dúvidas em minha mente tacanha.
Então, fiz o que todos fazem quando querem saber algo: fui ao Google. Digitei “gestão por competência” e comecei a ler os trocentos documentos que apareceram. A maioria dizia que é uma maneira de administrar levando em conta os recursos profissionais de seus funcionários, e que “tais recursos, por sua vez, são representados, sobretudo, pelos conhecimentos e pelas competências das pessoas que trabalham na organização”.
Cocei a cabeça e fiz, com certeza, cara de “abestado”. Minha mente desprivilegiada certamente não estava conseguindo encaixar o conceito com o que ocorre na realidade da Polícia Federal. Vejamos: se a gestão por competência exige que os talentos de uma pessoa sejam aproveitados, por que um Agente, Escrivão ou Papiloscopista não pode assumir determinadas chefias no DPF? Por que um integrante desses cargos, com mestrado em administração pública, por exemplo, não pode administrar alguma das unidades em nossa estrutura?
E fique bem claro que não estou reivindicando nada para mim. Sou completamente despreparado para assumir qualquer uma dessas funções. Minhas limitações impedem que eu almeje desempenhá-las. Contudo, conheço vários colegas que estão completamente aptos a isso, mas em virtude do cargo que ocupam são impedidos, independente da competência que disponham. Chego a acreditar que somos acometidos de um defeito genético, que pode ser facilmente curado se, e somente se, mudarmos de cargo. A vacina para essa terrível anomalia é passar em um concurso para outro cargo. Onde estaria, então, a gestão por competências, em uma instituição na qual a incompetência é presumida?
Fiquei, com certa dificuldade, pensando em tudo isso, e cheguei a uma conclusão que é óbvia: certamente entendi tudo errado. A minha medíocre capacidade intelectual fez com que eu desenvolvesse um raciocínio completamente absurdo. Com certeza, a administração não propagaria palavras tão difíceis - e bonitas - se não tivesse certeza de que a gestão por competência será plenamente empregada no DPF.
Então, depois desse esforço mental, fui pra casa desorientado. Fui acometido por uma tremenda exaustão, pois há tempos não precisava exercitar tamanho esforço para o entendimento de um tema tão complexo, para uma pessoa tão simplória como eu, que, afinal de contas, não sou administrador de empresas ou bacharel em direito. Sou apenas um ND, detentor de conhecimentos parcos e insignificantes em outras poucas áreas do conhecimento.
E ao deitar-me em minha cama para espairecer do meu fatídico cansaço, lembrei-me, então, que havia me esquecido de colocar o dedo na maquininha do ponto eletrônico. Putz!

Um comentário:

  1. O Serviço Público é um mundo à parte.
    A Polícia Civil é um mundo à parte no interior deste outro mundo à parte que é o serviço público.
    A Instituição Polícia Civil não tem o lucro como objetivo (pelo menos em teoria). Em decorrência disso, aplicar as teorias de administração sem levar em consideração a finalidade da existência da Polícia Civil redundará, com toda certeza, em uma prestação de serviço ineficaz e insuficiente.
    Qualquer dia desses os nossos patrões perceberão isso, espero. A partir desse dia talvez as coisas comecem a mudar, e a instituição terá condições melhores de atingir os objetivos de sua existência...

    Abraços
    Flávio

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