Número
de mortes violentas sobe 55% em comunidades pacificadas no Rio
Por Agência Brasil
Índice compara homicídios no primeiro
semestre de 2014 com o mesmo período do ano passado em 38 favelas com UPPs
O indicador de mortes violentas – soma de homicídio
doloso, homicídio decorrente de intervenção policial, roubo seguido de morte e
lesão corporal seguida de morte – nas 38 Unidades de Polícia Pacificadora
(UPPs) do Rio aumentou 55,3% no primeiro semestre de 2015 na comparação com o
mesmo período de 2014.
De acordo com dados divulgados nesta
segunda-feira (16) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), das 73
mortes violentas no primeiro semestre de 2015 nas áreas de UPP 56 foram vítimas
de homicídio doloso. Segundo o ISP, o aumento dos homicídios dolosos ocorreu,
em grande parte, "pelo conflito entre facções em maio nas comunidades da
região central do Rio (comunidades da Coroa, Fallet, Fogueteiro e São Carlos),
quando 11 pessoas morreram”.
No primeiro semestre de 2015, seis
policiais foram mortos em serviço nas UPPs do Alemão, da Cidade de Deus, da
Fazendinha e de São Carlos. No mesmo período de 2014, cinco policiais morreram
em serviço.
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Para o
sociólogo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rodrigo Monteiro, o número
indica que há um esgotamento desse modelo de policiamento em decorrência da
ausência de um projeto claro de transformação, de mudança no comportamento da
Polícia Militar e na relação da polícia com o morador das regiões onde estão as
UPPs.
“A UPP
não conseguiu acabar de vez com o tráfico armado nem se estabelecer como poder
legítimo na favela, por causa de muitas falhas na formação do policial. A
relação do policial com o morador, inclusive o traficante, se desgastou muito
porque ele começou a tentar controlar a vida social da favela sem ter
consentimento para isso. Por exemplo, proibir festas juninas e o baile funk,
entre outros. Não teve apoio de grande parte dos moradores para que o projeto
fosse à frente. Isso fortaleceu o tráfico.”
Monteiro
afirmou que o projeto da UPP é falho porque não deu certo a ideia de o policial
abandonar o uso do fuzil dentro da comunidade. O sociólogo acrescentou que
é necessário repensar o modelo de combate às drogas, que ainda usa a lógica do
enfrentamento violento.
“O
policial não desarmou a ideia de que o tipo de enfrentamento ao consumo e à
venda de drogas não produz o resultado desejado pelo conjunto da sociedade.
Enfrentar a droga dessa forma não resolve o problema porque continua matando
muita gente, continua gerando muita corrupção. Essa proibição irrestrita tem de
ser repensada.”
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