segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Moradores de Paraisópolis criticam operação policial

 

Eles alegam que ações pontuais não resolvem os problemas da comunidade localizada na zona sul de São Paulo

29 de outubro de 2012 | 17h 56
 
William Cardoso, O Estado de S. Paulo
 
Presença de policiais causou estranheza na comunidade - Nilton Fukuda/Estadão
Nilton Fukuda/Estadão
Presença de policiais causou estranheza na comunidade
SÃO PAULO - Moradores de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, ficaram surpresos com a operação policial realizada na manhã desta segunda-feira, 28, e criticaram o fato de ninguém ter sido informado sobre os motivos da presença ostensiva do batalhão de choque no bairro. Segundo eles, ações pontuais não resolvem os problemas da comunidade e geram mais insegurança para quem vive no local.
Líder comunitário, Gilson Rodrigues afirmou que a Operação Saturação é, na prática, uma ocupação, e que os moradores foram acordados com a polícia na porta sem saber o porquê. "Todas as operações sempre foram assim. A única diferente seria a Virada Social, de 2009, quando recebemos 123 promessas, mas que nunca foram cumpridas integralmente", disse. Entre os projetos estavam a construção de mais um CEU, de Creas, Cras, CIC (Centro Integrado de Cidadania), um parque, uma escola de música e um clube escola. "Vamos sair de uma ação pontual e esperar pela próxima", completou.
Apesar da presença ostensiva da PM, os serviços essenciais funcionaram normalmente na comunidade. No início da tarde, diretoras de escolas e de outras unidades do serviço público procuravam lideranças comunitárias para saber se deveriam permanecer com as portas abertas. "Na medida em que as organizações nos procuram, informamos que é para manter tudo funcionando. Esperamos que a Secretaria de Segurança Pública diga para a gente o que é que está acontecendo", disse Rodrigues.
Segundo ele, a rádio local está aberta às autoridades para uma explicação sobre o que está sendo feito. "Estou surpreso pelo fato de o secretário ter vindo até o bairro e não ter conversado com a comunidade." Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o secretario Antonio Ferreira Pinto apenas passou pela comunidade de manhã em uma viatura em meio a operação e não teve a oportunidade de conversar com os moradores.
Rodrigues contou também que não ocorreu nenhum fato novo nos últimos dias que justificasse uma intervenção policial dessa magnitude. Pelas ruas do bairro, a presença de policiais a cavalo e também fortemente armados causou estranheza. Até o início da noite, porém, nenhum estabelecimento comercial havia fechado as portas e a rotina seguia dentro da normalidade, apesar do aparato policial. Também não houve toque de recolher até as 18h.
A presidente do Conselho de Segurança (Conseg) do Morumbi, Júlia Titz de Rezende, afirmou que é fundamental um "posicionamento mais firme da PM" no combate à criminalidade e por isso apoia a ação em Paraisópolis. "A operação é muito bem vinda, porque sempre traz mais tranquilidade aos moradores. O que a gente tem visto é um atrevimento muito grande dos bandidos. Eles não temem mais nada."
Segundo Júlia, a ação da polícia é boa inclusive para moradores de Paraisópolis. "Tenho certeza de que muitas pessoas que são residentes da favela veem com bons olhos, porque também são vítimas e muitas vezes não podem falar nada." A presidente do Conseg disse que a ação já era esperada. "Normalmente, a gente sempre pede para que haja um reforço. Sabia que existia a intenção de se fazer, mas não a data correta, até pelo fator surpresa. É uma estratégia da polícia."
A SSP informou que a PM espera contar com o apoio da comunidade na operação e disse que a ideia é não prejudicar o dia a dia dos moradores.

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