quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"SINTO NOJO DE SER POLICIAL", DIZ PM EM LIVRO QUE REVELA HOMICÍDIOS NO RJ


Folha Online
FABIANA SERAGUSA
colaboração para a Livraria da Folha

"A corporação estraga uma vida sem dó, só para satisfazer a vontade de uns ou fazer favores para outros. Como são sujos! (...) Se a população soubesse que eles proíbem a polícia de entrar nos morros, que o dinheiro corre solto na cúpula superior. A população não tem ideia da verdade. (...) Hoje que conheço a verdade, sinto nojo de ser um policial."
Esse desabafo é de um PM do Rio de Janeiro que decidiu contar em detalhes os homicídios e as extorsões realizadas pela polícia militar nas ruas e favelas da Cidade Maravilhosa.
Reunidos no recém-lançado "Sangue Azul" (Geração Editorial, 2009), livro escrito pelo roteirista de cinema Leonardo Gudel, os relatos mostram que é "comum" pagar proprina dentro do próprio batalhão para conseguir benefícios como férias, munição extra e aposentadorias antecipadas, mas também revelam o susto e a indignação dos policias novatos ao perceberem que os comandantes da polícia recebem dinheiro dos traficantes.
No livro, essa revolta fica evidente quando o policial Rubens --nome fictício dado ao protagonista real-- toma conhecimento, pela primeira vez, desse tipo de delito. "Cambada de safados! O mais engraçado é que o nosso coronel aparece toda hora na TV, tirando onda de santo". Ele havia acabado de descobrir que seu superior ganhava R$ 70 mil para "deixar em paz" um dos chefes do tráfico.
Em entrevista à Livraria da Folha, o autor Leonardo Gudel conta que foi o policial Rubens quem o procurou para transformar estas experiências em livro, e que os episódios o deixaram tão impressionado que ele não teve dúvidas, aceitou de imediato o desafio. "A narrativa é toda em primeira pessoa, e, para isso, fiz um trabalho minucioso junto com o policial para captar, inclusive, o seu jeito de falar", explica o cineasta, que após a publicação da obra evita manter contato com o PM, "por questão de segurança".
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