Secretário diz que ação do Denarc não é 'ruptura' com gestão Haddad
Policiais civis usaram bombas de efeito moral na quinta na Cracolândia.
Prefeitura realiza programa no local oferecendo trabalho para depedentes.
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Secretário de Segurança, Fernando Grella, fala
sobre ação na Cracolândia (Foto: Tatiana
Santiago/G1)
O secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Fernando Grella, disse em entrevista ao G1 na tarde desta sexta-feira (24) que a ação de policiais civis realizada na quinta-feira (23) na Cracolândia não representa uma "ruptura" com a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). Grella descartou terem ocorridos abusos e disse que a ação foi mais uma "como tantas outras".sobre ação na Cracolândia (Foto: Tatiana
Santiago/G1)
Mesmo sem querer entrar em polêmicas e buscando reafirmar parcerias, o secretário rebateu a declaração de Haddad, que disse ter sido "lamentável" a ação de agentes do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
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"Eu respeito as palavras dele. Eu acho que, se você tem uma situação que é lamentável, é a situação dos usuários de drogas, dos dependentes, que são vítimas dos traficantes", disse o secretário.Apesar de a Corregedoria ter informado que vai apurar a ação, que teve bombas de efeito moral e terminou com 30 detidos para averiguação, Grella disse não ter visto abusos. “Ontem nós tivemos mais uma ação como tantas outras desde 1º de dezembro”, disse o secretário.
Grella afirmou que as medidas adotadas pela polícia no Centro de São Paulo buscam, inclusive, dar apoio ao programa Braços Abertos. "Os paulistanos querem ações conjuntas e eles terão. (...) Não vai haver solução de contraunidade. Nós temos o maior respeito pelo prefeito e vamos continuar agindo integradamente”, afirmou.
Grella disse esperar que a ação "frutifique". "Nós temos uma boa relação com o prefeito Fernando Haddad, essa relação vai continuar sendo excelente. É uma ação colaborativa, o que nós tivemos ontem foi um episódio policial que nada representa em termos de ruptura", disse.
Abuso policial
Na avaliação do secretário, não há razões para punições ou afastamentos por causa da ação. "Eu não vi nenhuma cena de abuso. Das imagens que tive acesso, não soube de nenhuma situação de abuso, pelo contrário, as imagens que me foram mostradas mostram os policiais detendo pessoas, prendendo pessoas, o que é a própria ação da polícia”, disse.
Em nota, a Prefeitura disse que, além das bombas de efeito moral, também houve uso de balas de borracha. O secretário afirma que apenas bombas foram usadas e que não há irregularidades nesta conduta.
“Isso faz parte de uma técnica policial e quem está no comando da operação é que tem que avaliar o cabimento ou não do emprego dessas armas. Não é a secretaria, porque ela não comanda operações policiais”, disse.
Grella diz que o tumulto ocorreu por causa da reação de dependentes às prisões de traficantes. "Houve um problema de reação de alguns usuários, possivelmente instigados pelos próprios traficantes, e foi preciso, segundo relato da diretoria do Denarc, acionar reforço para que as prisões dos traficantes pudessem acontecer”, disse.
Segundo o secretário, de fato, tanto Alckmin quanto Haddad não estavam avisados do trabalho do Denarc naquele momento na Cracolândia. “Não, porque a polícia não precisa avisar ninguém para cumprir a lei. Investiga traficante e prender traficante é uma obrigação que a polícia tem, ela não precisa pedir autorização para ninguém”, disse.
A Secretaria da Segurança Pública informou que, entre 1º de dezembro de 2013 e 21 de janeiro, foram registrados 66 boletins de ocorrência na região da Cracolândia, com 65 suspeitos de tráfico autuados em flagrante e oito adolescentes detidos. A polícia apreendeu cerca de 3,7 kg de cocaína, 220 gramas de maconha e 800 gramas de crack.
Policiais suspeitos de tráfico
Nesta sexta-feira, a Corregedoria da Polícia Civil informou que investiga a participação de policiais civis no tráfico de drogas da Cracolândia. Grella não quis dar detalhes sobre as suspeitas. "A investigação existe, ela está em andamento. Não posso revelar, ela não está concluída", disse.
"O tráfico não existe só na Cracolândia. E, são corporações grandes, são corporações de milhares de homens, a Polícia Civil tem mais de 30 mil homens, a Militar tem mais de 90 mil homens. Então, infelizmente, instituições com esse tamanho, elas podem sim indicar a presença de agentes que se desviem da conduta. É para isso que nós temos Corregedoria e é por isso que nós temos a vontade política de apurar todos os fatos e de punir os maus policiais, aqueles que não são propriamente policiais, porque usam da sua função para a prática de crimes, o que é extremamente grave", disse Grella.
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