sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Governo de SP manda investigar supostas escutas ilegais

 
 
ROGÉRIO PAGNAN
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
JOSMAR JOZINO
 
DO "AGORA"
 
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Luiz Maurício Blazeck, disse ontem que abrirá um inquérito para investigar se uma central de monitoramento da Polícia Militar realizou escutas irregulares, que teriam atingido pessoas sem ligação com o crime organizado, como policiais civis e jornalistas.
A central funcionava na sede do comando da PM de Presidente Prudente (a 558 km da capital).
A abertura da investigação, segundo ele, terá como base a representação feita pela Associação dos Delegados e, também, um boletim de ocorrência registrado pelo radialista João Alkimin, autor de um blog sobre segurança pública.
A representação da Associação dos Delegados é baseada em reportagens do jornal "Oeste Notícias" e da Folha sobre uma central de escutas montada pelo então secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, para monitorar presos.
Conforme a Folha revelou, policiais, promotores e juízes dizem que esse grupo acabou se tornando uma espécie de central de espionagem.
A presidente da Associação dos Delegados, Marilda Pinheiro, pediu a abertura de inquérito porque, segundo ela, a realização de escutas irregulares é amplamente conhecida na polícia.
Alkimin registrou um boletim de ocorrência após ser procurado por um policial do Batalhão do Choque.
Esse policial, segundo o radialista, disse que as ligações dele com uma série de pessoas foram monitoradas, entre elas um desembargador, um delegado, um investigador e outro jornalista.
Antes de Alkimin, outro jornalista também diz ter sido vítima de uma escuta ilegal. Sandro Barboza, da TV Bandeirantes, afirmou que foi procurado por um PM que lhe mostrou uma gravação de um telefonema com um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo.
O delegado-geral informou, porém, que ainda não recebeu oficialmente a acusação, mas poderá investigar a versão apresentada por ele.
Blazeck falou com a Folha durante evento no Palácio dos Bandeirantes.
Momentos antes, a reportagem questionara o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre o assunto, mas ele não quis comentar. "Não temos nenhum fato que comprove isso", limitou-se a dizer.
O secretário da Segurança, Fernando Grella, disse que se houver algum "fato concreto" sobre caso, ele será apurado. Porém, disse não ter mais informações sobre o assunto.

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