'É vida que segue', diz secretário demitido
Marcelo Godoy - O Estado de S.Paulo
Três anos e meio depois, o secretário que sobreviveu a três governos deixou o
cargo. Antonio Ferreira Pinto saiu porque lhe pediram. "Não ia largar meu
trabalho pela metade", disse ao Estado. O homem que era chamado de "psicopata"
por um de seus colegas de governo por causa de sua intransigência voltará ao
Ministério Público Estadual (MPE) - ele é procurador de Justiça. Em meio à
guerra não declarada entre Primeiro Comando da Capital e policiais militares,
ele defendeu a política de combate à facção por meio do uso das Rondas
Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Leia sua entrevista.
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Hélvio Romero/Estadão
Antonio Ferreira Pinto deixa o cargo de
Secretário de Segurança Pública de SP.
Secretário, por que o senhor entregou o
cargo?
Antonio Ferreira Pinto - Ficou acertado na segunda-feira com o governador Geraldo Alckmin que eu entregaria a carta de renúncia. Ele me pediu sigilo e eu o observei, pois ficou acertado que o anúncio seria feito por ele hoje. Você sabe que eu não ia largar o trabalho pela metade. Mas é vida que segue... Tive a alegria de passar três anos e meio na secretaria e a decepção com algumas pessoas. O cargo é do governador. Diante do quadro que se formou e do desejo dele (Alckmin) de mudar, entregarei (ontem à tarde) a carta ao governador (ele escreveu a carta pela manhã e foi à tarde ao palácio entregá-la).
Antonio Ferreira Pinto - Ficou acertado na segunda-feira com o governador Geraldo Alckmin que eu entregaria a carta de renúncia. Ele me pediu sigilo e eu o observei, pois ficou acertado que o anúncio seria feito por ele hoje. Você sabe que eu não ia largar o trabalho pela metade. Mas é vida que segue... Tive a alegria de passar três anos e meio na secretaria e a decepção com algumas pessoas. O cargo é do governador. Diante do quadro que se formou e do desejo dele (Alckmin) de mudar, entregarei (ontem à tarde) a carta ao governador (ele escreveu a carta pela manhã e foi à tarde ao palácio entregá-la).
O senhor acredita que o modelo adotado pelo senhor de combate ao
crime organizado, usando a Rota em operações de busca e captura, deve ser
revisto?
Antonio Ferreira Pinto - Não pensei sobre isso, se o modelo será desmontado. Vai depender do enfoque do novo secretário (Fernando Grella Vieira), de seus conceitos e da equipe que vai montar. Tudo ainda é muito embrionário.
Antonio Ferreira Pinto - Não pensei sobre isso, se o modelo será desmontado. Vai depender do enfoque do novo secretário (Fernando Grella Vieira), de seus conceitos e da equipe que vai montar. Tudo ainda é muito embrionário.
Mas o que o senhor espera da gestão de seu sucessor?
Antonio Ferreira Pinto - Conheço o novo secretário e com certeza ele fará um bom trabalho. Além de ser meu amigo, temos muitas afinidades. Ele conhece a realidade do crime organizado até pelo trabalho que ele realizou no Ministério Público coordenado o trabalho dos Gaecos (Grupos Especiais de Combate ao Crime Organizado). Acredito que o novo secretário deve fazer uma análise desse modelo (de enfrentamento do crime organizado).
O seu modelo deu certo, secretário? Ele não estaria por trás da
guerra não declarada entre policiais e o crime organizado?
Antonio Ferreira Pinto - Eu defendo esse modelo e estou seguro de que ele deu certo. Basta ver a quantidade de dinheiro que foi apreendida nessas ações, coisa que não ocorria antes. É preciso verificar a quantidade de armas e de prisões de importantes integrantes da facção, com repercussões dentro da organização e para a criminalidade nas ruas. Mas isso tudo não teve destaque na mídia, porque a imprensa sempre deu mais destaque aos casos em que ocorriam confrontos, tiroteios, apesar de eles serem uma pequena parcela das ações.
Antonio Ferreira Pinto - Eu defendo esse modelo e estou seguro de que ele deu certo. Basta ver a quantidade de dinheiro que foi apreendida nessas ações, coisa que não ocorria antes. É preciso verificar a quantidade de armas e de prisões de importantes integrantes da facção, com repercussões dentro da organização e para a criminalidade nas ruas. Mas isso tudo não teve destaque na mídia, porque a imprensa sempre deu mais destaque aos casos em que ocorriam confrontos, tiroteios, apesar de eles serem uma pequena parcela das ações.
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