Com exceção do Rio de Janeiro, sindicato estima que 70% dos
agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal (PF) estejam
parados
Com exceção do Rio de Janeiro, agentes, escrivães e papiloscopistas da
Polícia Federal (PF) iniciaram nesta terça-feira em todo o País uma paralisação
por tempo indeterminado. A demanda de ajuste salarial é indireta, por
reconhecimento de novas atribuições que levará a uma reestruturação de carreira.
Segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), haverá uma
avaliação do movimento na sexta-feira.
A expectativa é por reabertura de negociação pelo Ministério do Planejamento,
em pleito que já dura dois anos. A assessoria da Fenapef estima que cerca de 70%
dos 11 mil agentes da PF estejam em greve, paralisando investigações e
dificultando a retirada de passaportes (exceto em casos de urgência).
Os delegados da PF, que reivindicam equiparação salarial com servidores do
Ministério Público, decidem hoje à tarde se também entram em greve. O governo
dividiu essas categorias da PF em duas mesas de negociação. Procurada pela
reportagem, a assessoria de imprensa da PF disse que não vai se manifestar sobre
a paralisação.
Investigações e passaportes
O sindicato aprovou o indicativo de greve na última quarta-feira. Segundo o
presidente da Fenapef, Marcos Wink, o atual diretor geral da PF não consegue
gerir adequadamente a instituição. “Há disputas internas na PF e o diretor não é
competente para administrar [essas disputas]. Queremos alguém de fora da PF que
seja gestor, que saiba apaziguar as disputas”, declarou.
Até ontem, os sindicatos estaduais votaram como devem ser as manifestações.
Segundo Wink, os Estados têm essa autonomia por causa da particularidade de cada
um. “Em São Paulo e Rio de Janeiro, temos dois grandes aeroportos, então pode
haver operação-padrão na alfândega. Em Brasília, pode afetar a emissão de
passaportes. No Amazonas, no Rio Grande do Sul, a fiscalização das fronteiras
pode ser prejudicada”, afirmou.
Investigações especiais como a Operação Monte Carlo, que prendeu o empresário
goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira , também podem ser
afetadas. O presidente da Fenapef ressaltou que a paralisação de investigações
importantes será analisado caso a caso.
Segundo o sindicalista, a intenção dos agentes da PF é não prejudicar a
segurança do país, de maneira a manter a confiança da população. A categoria
reivindica reestruturação salarial e da carreira dos agentes, escrivães e
papiloscopistas. O salário inicial desses três cargos é R$ 7,5 mil, o
equivalente a 56,2% da remuneração dos delegados, cujo vencimento de início de
carreira é R$ 13,4 mil. O Ministério do Planejamento informou que as negociações
com as categorias em greve estão abertas.
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