WILLIAM CARDOSO - O Estado de S.Paulo
Desde o dia 18, está liberada a visita íntima para adolescentes apreendidos
em instituições como a Fundação Casa (antiga Febem), em São Paulo. A Lei 12.594
concede esse benefício aos jovens entre 14 e 18 anos que estão sob a
responsabilidade do Estado. Mas até agora a instituição não encontrou ninguém
que pudesse ser beneficiado pela medida.
Para ter direito à visita íntima, o adolescente deve comprovar que é casado
ou que vivia em união estável até o momento em que foi flagrado cometendo algum
delito. No caso da união, deverá registrá-la judicialmente ou em cartório.
Em São Paulo, a Fundação Casa está terminando de analisar a situação de 8.200
internos e, até o momento, não encontrou quem tenha direito à visita. Mas a
situação pode mudar. "Não terminamos a pesquisa, mas a partir de agora devem
começar a surgir casos de união estável, por causa da lei", afirma a presidente
da instituição, Berenice Maria Giannella.
Ela vê o benefício de maneira positiva. "É um direito à convivência familiar.
A visita íntima está nesse contexto", diz. "A lei foi restritiva. Não é todo
mundo recebendo todo mundo. (A Fundação Casa) Não vai virar um motel a céu
aberto." Segundo a presidente, alguns adolescentes têm a família desestruturada
e o companheiro ou companheira são os únicos pontos de referência. "Às vezes, é
a única pessoa com quem se tem um contato afetivo."
Segundo ela, a visita íntima não será concedida a qualquer interno porque
existe a possibilidade de o companheiro ou companheira ser uma má influência no
processo de recuperação. Em alguns casos, estão envolvidos com o crime.
Críticos também apontam a possibilidade de conflitos entre aqueles que são
beneficiados e os que têm o pedido de visita íntima negado. "É possível que
surja inveja, mas a equipe tem de estar preparada. No fundo, tudo pode causar um
problema", afirma Berenice, citando, por exemplo, a insatisfação entre aqueles
que hoje, por algum motivo, não têm acesso às aulas de música.
As unidades atualmente não têm estrutura adequada para que o interno receba a
visita de companheiros. Por isso, salas serão adaptadas para essa finalidade.
Antes das visitas, porém, os pais serão informados e participarão de palestras,
assim como os internos.
Também serão intensificadas as orientações sobre sexo seguro e saúde em
geral.
Berenice diz que não há o medo de que ocorra um "baby boom" nas unidades.
"Isso pode haver aqui dentro ou lá fora. O que temos de fazer é reforçar as
informações sobre os riscos de uma gravidez indesejada."
Revolta. O advogado Ari Friedenbach, que teve a filha Liana,
de 16 anos, assassinada em 2003 por Roberto Aparecido Alves Cardoso, o
Champinha, então com 16 anos, critica a nova lei. Ele a considera uma "concessão
absurda" e um "lazer descabido" para os internos. "Estão tratando os
adolescentes como adultos na visita íntima e não quando cometem um crime grave.
Se é assim, deveriam cumprir pena como maiores também."
Para ele, a medida não traz pontos positivos para as questões afetivas.
"Seria muito mais eficaz se nossas instituições fizessem um trabalho efetivo com
as famílias dos internos, objetivando a melhora dessas relações, em vez de
patrocinar a gravidez entre jovens adolescentes", afirmou, em artigo.
Isso é uma vergonha!
ResponderExcluirNosso país tem leis absurdas, auxilio reclusão, e agora visita intimas a menores, esses infratores
estao com muitos benefinicios. Enquanto isso, nos, trabalhadores temos cada vez mais regras a cumprir,
impostos exorbitantes.