quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O São Paulo - Segurança pública de SP prioriza combate ao tráfico


Luciney Martins, de O São Paulo


Na primeira de uma série de entrevistas de O SÃO PAULO com os secretários da nova gestão do governo estadual, Antônio Ferreira Pinto, responsável pela pasta de Segurança Pública desde março de 2009, fala dos desafios na secretaria, enfatiza os trabalhos de combate ao tráfico de drogas, comenta mudanças como a possível saída do Detran de sua secretaria e a gestão da corregedoria de polícia, e garante que o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa, não voltará a repetir as cenas de 2006.
O SÃO PAULO - O senhor é um dos cinco secretários da gestão passada que foram mantidos pelo governador Alckmin. A que atribui sua continuidade na pasta de segurança pública?
Antônio Ferreira Pinto - Eu só posso atribuir ao trabalho desenvolvido, aos resultados alcançados. Nós estamos na secretaria há um ano e nove meses e tivemos sucesso no combate ao crime. Houve uma motivação para a Polícia Civil, Militar, um entrosamento maior e tudo isso trouxe um resultado melhor para a segurança pública.
O SÃO PAULO - Quais as principais deficiências a serem enfrentadas pela secretaria?
Antônio Ferreira - Deficiências, nós as temos tanto na Polícia Civil quanto na Polícia Militar, acho que há a necessidade de um planejamento mais bem elaborado, temos que mapear todo o Estado de São Paulo, em relação a uma incidência maior do crime e é nesses locais que nós devemos ter um policiamento mais eficaz, atuante, envolvendo todos os nossos esforços paracombater esses focos.
O SÃO PAULO - Há diferenças na gestão da segurança pública entre a capital e o interior?
Antônio Ferreira - A Polícia Civil e a Militar são bem estruturadas tanto no interior quanto na capital. O planejamento da polícia, a Secretaria de Segurança Pública acompanha. Cobra resultados, estabelece metas no combate ao tráfico, que nós estabelecemos como prioridade nessa nova gestão, bem como o combate ao crack, que é um flagelo que atinge milhões de jovens, algo que exige uma atenção melhor.

O SÃO PAULO – O combate ao crack nas escolas, ainda é um desafio, não?
Antônio Ferreira - Estamos aumentando o número de policiais que ministram palestras contra as drogas nas escolas, fazendo com que também os policiais da ronda escolar participem dessas palestras. Essas atividades sempre passam também pela Secretaria de Educação, pois é uma atividade conjunta. Esse esforço é uma das nossas prioridades para o combate aos entorpecentes e combate ao consumo de crack.
O SÃO PAULO - Sobre o orçamento disponível para a secretaria neste ano, já há um planejamento de como será aplicado?
Antônio Ferreira - São 11 bilhões e 900 milhões de reais para a Secretaria de Segurança Pública, Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária, além da compra de equipamentos, viaturas e sistemas de inteligência.

O SÃO PAULO - De 1999 a 2008, houve a redução de 70% no número de homicídios dolosos no Estado de São Paulo. O que explica essa evolução?
Antônio Ferreira - Vários fatores como o desarmamento e as melhores condições de ensino e de saúde. Não podemos dizer que essa redução se deve às ações exclusivas de segurança pública, embora a secretaria tenha uma parcela muito grande de responsabilidade por esse êxito, através do DHPP [Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa].

O SÃO PAULO - Desde agosto do ano passado, a corregedoria da polícia do Estado está subordinada à Secretaria de Segurança Pública. Que benefícios essa mudança administrativa já trouxe ao cidadão?
Antônio Ferreira - Já tivemos resultados significativos, com o aumento do número de irregularidades apuradas, vários policiais foram punidos. A subordinação ao meu gabinete garante uma autonomia, uma independência aos delegados, investigadores, escrivães que trabalham na corregedoria, que assim estão imunes a qualquer retaliação por eventuais investigações de integrantes da Polícia Civil.

O SÃO PAULO – Em recentes declarações, o governador Alckmin afirmou que o Detran deve sair do controle da Secretaria de Segurança Pública. Qual a opinião do senhor sobre a possível mudança?
Antônio Ferreira - A ideia não é que o Detran saia simplesmente de uma secretaria para outra, mas que tenha um novo modelo de gestão de trânsito e ofereça um maior número de serviços aos usuários diretamente. Hoje, computando investigadores, escrivães, delegados de polícia em todo o Estado, temos cerca de mil policiais que serão liberados para outras atividades nas quais eles ingressaram na polícia.

O SÃO PAULO - Sobre os trabalhos de policia comunitária, quais as propostas para esta gestão?
Antônio Ferreira – A policia comunitária subiu no organograma da Polícia Militar, deixou de ser uma divisão e passou a ser uma diretoria, a Diretoria de Polícia Comunitária e Direitos Humanos. Estamos muito voltados nas atividades de preservação dos direitos humanos. É uma matéria, inclusive, que já consta no currículo das escolas de formação da Polícia Militar.
O SÃO PAULO – Para concluirmos, parece ainda haver um temor na população paulista quanto ao PCC. Há o risco de que as cenas de violência e calamidade de 2006 se repitam?
Antônio Ferreira - Não, não. Não há risco nenhum, isso eu posso lhe assegurar. Nem tudo é PCC. Há uma generalização muito grande de que tudo é PCC, quando na realidade outros grupos aqui fora têm uma atuação sem ligações com os presos que estão nas penitenciárias. Basta um marginal apresentar um pouco mais de periculosidade, de ter mais visibilidade na comunidade, para se dizer que ele é perigoso, é do PCC, mas isso só traz intranqüilidade para a população e existe uma errada glamourização dessa organização criminosa. Nós estamos há mais de quatro anos, sem problemas no sistema penitenciário de São Paulo, devido a forma com que nós conseguimos administrar esse setor.
Daniel Gomes, de O São Paulo

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