segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Médico, professor e policial são os que mais sofrem de estresse

Muitas pessoas têm uma relação de paixão com o trabalho, mas o excesso de dedicação pode se transformar
A Gazeta
Maurílio Mendonça mgomes@redegazeta.com.br.
Muitas pessoas têm uma relação de paixão com o trabalho, mas o excesso de dedicação pode se transformar. E existe até um distúrbio específico para classificar quem não consegue nem ir mais trabalhar: é a síndrome de esgotamento profissional. O problema é comparado a um estágio crônico do estresse; que pode levar à depressão e, até, ao suicídio. No Brasil, pesquisas e profissionais de psiquiatria alertam para profissões com tendência maior à síndrome, também conhecida como Burnout (que significa queimar por dentro). "As áreas de educação, de segurança e de saúde são as mais atingidas", frisa o psiquiatra Kalil Duailibi, especialista em saúde do trabalho.
São profissões ligadas a algum tipo de serviço prestado à população, como professores, policiais e médicos. "O profissional gosta de trabalhar. Chega a pensar na função o tempo todo. Mas alguns problemas fazem com que ele chegue a um ponto que nem sai da cama para ir trabalhar", alerta Duailibi.
Um estudo coordenado por ele, em São Paulo, identificou que estresse e angústia são o segundo principal motivador de licenças médicas de professores. "O levantamento apontou que em um terço desses casos as pessoas sofriam da síndrome. É um índice alto", conta o psiquiatra.
Causas
São muitos os causadores da doença: a cobrança no trabalho, sobrecarga horária, implicância por parte do chefe, pressão por exercer uma nova função, excesso de tempo na mesma atividade, incapacidade de se desligar do trabalho em momentos de folga, mau relacionamento com os colegas, entre outros quesitos.
O tratamento é o mesmo indicado a quem sofre de estresse agudo: exercício físico e relaxamento, com atividades como meditação e ioga. "Temos que separar alguns momentos de recuperação do corpo. A toda ação executada, nesse caso, o trabalho, é necessário destinar um período do dia para desacelerar", defende o psiquiatra Fernando Furieri.
Professores de Vila Velha são alvos de estudo
Pressão profissional, cobranças de superiores, falta de valores e de ideais, excesso de carga horária e remuneração ruim. Todos esses assuntos são motivadores da síndrome de esgotamento profissional, e, também, as principais reclamações listadas por professores da rede pública de ensino. "Estou com uma pesquisa em andamento, em Vila Velha, e não há um profissional que não tenha reclamado das condições de trabalho, alertando estar cansado e estressado com sua função, insatisfeito com o que faz", revela a diretora de políticas de saúde do Sindicato dos Professores da Rede Pública, Sindiupes, Mônica Alves de Faria.
A doença.A síndrome de esgotamento profissional ou Burnout (queimar por dentro), como também é chamada, tende a atingir profissões em que há o contato direto com pessoas, como as da área de saúde, de educação e de segurança
O que é.A doença é avaliada como um estresse direcionado ao trabalho. Quem sofre a síndrome tende a se envolver muito com a profissão, no começo, ao ponto de só pensar em trabalhar, até nos dias de folga. Mas chega a um ponto em que não consegue mais ir ao emprego, com reações parecidas às de depressão
Profissões.Nos Estados Unidos, pesquisas dizem que os bombeiros são os profissionais que mais sofrem da doença; seguidos pelos policiais e, depois, pelos médicos
Brasil.Estudos feitos no país indicam que os professores são os que mais sofrem com a síndrome, seguidos de médicos e enfermeiros. Especialistas também apontam policiais e motoristas como profissões de risco à doença
Sintomas.Quem sofre da doença tem o costume de deixar de lado as necessidades pessoais (como comer) e de sentir a sensação de vazio, perde a vontade de trabalhar
Tratamento.É aconselhável procurar um médico, clínico geral, para checar se não há alteração hormonal; além de psicólogo e atividade física.
Ela mandou o nervosismo para longe com a ioga
O estresse passa longe da funcionária pública federal Márcia Valdetaro. Apesar de ser uma pessoa bem-humorada, tanto no trabalho quanto em casa, ela afirma ter seus momentos de esgotamento e, até, de descontrole. "Todos nós passamos por isso. Há situações em que é difícil controlar nossas emoções", confessa. A ioga, atividade que voltou a realizar há alguns dias, na Praia da Costa, em Vila Velha, ajuda a manter o equilíbrio. "Você procura a sua paz interior, o seu autocontrole. Voltei para ioga porque sabia que ela funcionava, e era uma atividade física e mental", diz. O primeiro contato com a atividade foi feita logo após algumas leituras sobre o assunto. "Como sou curiosa, optei por experimentar aquilo que lia. E comprovei. Tudo que falam sobre a ioga é verdade", frisa a funcionária pública. Márcia faz aula uma vez por semana. "E a sensação de tranquilidade interfere inclusive no trabalho. As situações de estresse são mais bem-resolvidas", afirma Valdetaro.

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