quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A AUSÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS COMO INÍCIO DA INSEGURANÇA

Por Cláudio Avelar - Jornal Alô Brasília


Cumprimento o leitor oferecendo uma nova proposta de moderação dos debates sobre os temas ligados à Segurança Pública ou se preferirem, à sua falta, ou seja, Insegurança Pública.
Aliás, talvez fosse esse o nome ideal para o Órgão: Secretaria da Insegurança ou pelo menos Secretaria de combate a Insegurança. Chocante realidade, mas podemos sair por aí perguntando sobre quem se sente seguro ou quem sabe, quem acredita que o poder público irá lhe proteger ou garantir-lhe a segurança.
Infelizmente ninguém respondeu, nem tampouco ninguém consegue traçar um mapa sensato, que mostre os reais caminhos que, sendo percorridos, lhe conduzirão a tão sonhada paz social.
Não pretendemos nessas escritas suscitar o medo ou incentivar o descrédito pelas Instituições, mas certamente podem esperar uma visão imparcial, porém não tão menos crítica dos mecanismos até hoje disponibilizados pelos Governos e da sociedade que, apesar dos apelos midiáticos da publicidade estatal, não consegue transferir seu medo para trás dos montes.
O cidadão deveria esperar com bons olhos a chegada de uma viatura policial, assim como deveria com esperança comparecer a uma delegacia para registrar uma ocorrência, em contrapartida, não deveria estremecer ao se deparar com uma barreira policial, mesmo quando não há o que temer, porém a realidade é outra e a sensação de segurança é substituída pelo medo e pelo descrédito nas Instituições Governamentais.
Os Governantes, de modo geral, insistem em tentar confundir a população, fazendo crer que a bastaria uma polícia bem aparelhada para combater o crime. Começa aí a primeira das falácias, pois em primeiro lugar deve ser dito que Segurança Pública não é caso de Polícia.
Quando falta a família, a escola, a religião, a saúde e transporte público de qualidade; quando falta emprego e salário; quando falta dinheiro no bolso e quando a barriga está vazia é que o crime aparece como resultado do lixo social.
Somente quando todas essas instituições falharam é que aparece a polícia para reprimir o crime já ocorrido, pois não consegue prevenir.
Prevenção! Me perdoem a sinceridade, não quer dizer ronda policial ou uma viatura passando em frente de vez em quando. Quando se deseja prevenir a violência deve-se falar em inclusão social e em oportunidades, além do que obviamente, sabe-se que a escalada da violência é acompanhada de perto pela corrupção nos mais variados setores.
O sistema público de insegurança é ainda fomentado pelos oportunistas de plantão que apesar dos belos discursos, sequer tentam mudar as regras do jogo, permitindo o acesso à informação, cultura, esporte e lazer, sem falar que os gastos com publicidade das ações de seus governos seriam suficientes para construírem mais escolas e hospitais, além de permitir ao cidadão, a satisfação pelo seu esforço.
Com esse simplório esquema que demonstra uma pequena parte do caos social é que iniciamos nossa série de proposituras de debates para que, despertando o consciente coletivo, adormecido ou abafado pelos oportunistas, consigamos demonstrar que o início do processo é o mais importante de todos e que a implementação de mudanças é fundamental para que o cidadão venha a ser considerado como tal e que possa utilizar de seus direitos, fazendo valer a Constituição Federal, que pelo menos em tese, lhe assegura o acesso a tudo aquilo que na verdade não tem.
O ideal é que o Sistema Público funcione, devolvendo à sociedade algo que jamais lhe deveria ter sido tirado, que é a tranqüilidade, mas principalmente um sentimento há muito arrancado dos seios da maioria das famílias, que é a esperança.
Algumas autoridades colocam a culpa, justificando os números negativos no aumento da população ou no baixo efetivo ou até mesmo no fato de que se a polícia fosse mais eficiente e o judiciário mais rápido e prendessem todos os criminosos não haveria cadeia para todos.
Realmente os problemas são os mais variados e a saída para tal crise está cada vez mais distante, por conta da falta de vontade política e dos entraves burocráticos da máquina pública, porém a sociedade deseja e anseia pela segurança, porém qualificada do tipo: Segurança com cidadania.
CLÁUDIO AVELAR
Presidente do Sindicato dos Policiais Federais
Bacharel em Direito e Administração
Especialista em Direito Público
Apresentador do Programa de TV SEGURANÇA.COM CIDADANIA
www.claudioavelar.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Atenção! Os comentários ofensivos à Instituição ou pessoas serão de responsabilidade exclusiva de quem comenta, inclusive será divulgado o endereço IP, se solicitado.