sexta-feira, 16 de outubro de 2009

CONGRESSO NACIONAL- VERGONHA PARA A DEMOCRACIA

Por Cláudio Avelar
13/10/2009

Não me canso de dizer que Segurança Pública não é caso de Polícia, que na verdade, representa apenas uma das ferramentas do sistema público e que somente começa a agir, depois que todas as instituições falharam: família, escola, saúde, religião, emprego, diversão, esporte, cultura, lazer, educação, e etc. Depois que tudo falhou, se inicia a vida criminosa e chega a polícia para reprimir o crime já ocorrido.
Quando um policial chega a uma cena de crime, não há como ele pensar em justificar a atitude do criminoso, como vítima social. Naquele instante, apenas deverá fazer todo o possível para efetuar a prisão, de modo a impedir o cometimento de outros crimes, afastando da sociedade, aquele que representa perigo aos inocentes.
O trabalho preventivo que busca a cidadania em sua plenitude será realizado por outros atores, porém, antes do crime acontecer, porque depois de instalado o caos, resta apenas tentar impedir outros criminosos de fazerem o mesmo, além da falsa tentativa de recuperar o bandido, jogando-o nos porões dos presídios.
Nessa roda de fogo em que o cidadão de bem se encontra, circulam algumas variáveis que servem para confundir ainda mais, tanto as autoridades como o pacato membro da sociedade, que nada faz além de trabalhar, sofrer e sonhar, esperando por dias melhores. Uma teatral ciranda nacional em que assistimos atônitos a espetaculares demonstrações de desrespeito às regras de convívio social, ainda mais quando o palco é mais uma vez, o local que deveria ser a “casa do povo”, ou seja, o Congresso Nacional.
Seria cômico se não fosse trágico, mas o farto material político, que demonstra aparelhamento articulado, tal qual as milenares de organizações que existem apenas para favorecer os seus membros em detrimento de quaisquer outros assuntos, demonstra a necessidade urgente de reorganização do “Estado”, porém, sabemos que só acontecerá, após o clamor popular gritar alto, com pinturas de guerra nos corpos daqueles que não mais agüentam os escândalos estatais.
O problema já está perdendo a graça e caindo no descaso. O Congresso Nacional, apesar de representar o democrático Estado de Direito, insiste em tratar o crime, como questão de glória política. Está na hora das autoridades públicas exercerem seu papel constitucional, sem favorecimentos ou trocas sutis de cadeiras, além do fato de ninguém agüentar mais ouvir desculpas de que não sabiam e que tudo não se trata de um mal entendido ou que é perseguição política, por conta de seu desempenho parlamentar.
Está na hora de tomarem coragem, ou quem sabe, vergonha na cara, saindo da toca para começar a colocar os pingos nos is. Não consigo imaginar aonde vai chegar esse caos institucional instalado no Congresso, com a bola da vez voltada para o Senado. Porém tenho certeza de que se a imprensa não cobrar e a sociedade civil organizada não se manifestar com mais veemência, não iremos além da pizzaria política, já vista em outros carnavais.
No Brasil já tivemos golpe de estado, vivenciamos uma ditadura militar, ficamos felizes com a anistia ampla geral e irrestrita no tempo do Presidente General Figueiredo, voltamos à democracia com o movimento “Diretas Já”, elegemos Tancredo, aceitamos o Vice Sarney, elegemos o caçador de Marajás e pintamos o rosto para tirá-lo, elegemos um semi analfabeto, com direito a reeleição de um Governo popular, que adora o povo por meio do fome zero, mas que quer acabar com a liberdade de imprensa e o direito de greve. Nossa que fartura!!
Continuando a peça, vimos o caçador de Marajás cassado voltar ao cenário e se afastar, quando seu conterrâneo, presidente do Senado, não conseguia explicar a falta de decoro, o filho da ... e a fortuna milagrosa, além dos favores dos amigos em troca sabe-se lá de que. Acompanhamos na sequencia, o senador amedrontado, mas arrogante, não ser cassado e agora junto com o ex caçador cassado, brigarem com qualquer um que acuse o ex-presidente da república e futuro ex presidente do senado.
Tento mas não consigo me desvencilhar do passado dos incêndios e das pizzas e vejo que passa tempo e passa água debaixo da ponte e mudam alguns atores, mas a história é basicamente a mesma, ou seja, ninguém sabe ninguém viu, mas sabemos que o dinheiro sumiu e que os parentes estão recebendo sem trabalhar e os acordos continuam vigorando e infelizmente as nomeações continuam sem critério para a ocupação dos cargos públicos.
Num acordo federal, em um passe de mágica o ex-diretor da PF, depois da bagunçada operação contra o banqueiro, junto com a clandestinidade da ABIN, foi surpreendentemente presenteado com um cargo em Portugal. Apesar de ser nomeado para um cargo que ainda não havia sido criado e das ações judiciais interpostas para impedir esse abuso contra a transparência obrigatória no serviço público, ele está a comer bacalhau por trás dos montes, enquanto seu sucessor, que veio dos pampas, tal qual o Ministro candidato ao Governo gaúcho, enfrenta resistência dos policiais federais, revoltados com a falta de critérios e perseguições, com indicativo de greve para os próximos dias.
Quando um Diretor da PF é indicado politicamente e quando esse político põe fim aos critérios técnicos no órgão, a tecnicidade pode dar lugar aos favorecimentos para os amigos do Rei em detrimento da sociedade. Nesse momento se instala o caos na instituição e a Polícia Federal, que vem sendo amada, pode passar a ser odiada. Nesse momento vos pergunto: Quem poderá nos salvar?
Não sabemos aonde toda essa lambança vai dar, mas o certo é que alguém precisa fazer alguma coisa por esse povo tão sofrido, mas sempre tão aguerrido. Não é certo que acordos, passem por cima das leis e da democracia e gostaríamos que aparecesse um zorro ou um salvador da pátria, que nos salve dos pecados e dos pecadores. Aliás, esse herói que se cuide, pois quem mexer nesse vespeiro poderá também sair repleto de ferroadas.
Apesar do jogo bruto do poder, temos certeza que a sociedade organizada vai reagir e de um jeito ou de outro poderá contar com os poucos, mas fortes heróis da resistência estatal. Contamos com parlamentares sérios, mas que apesar dos ataques, conseguirão fazer prevalecer a vontade popular, ou seja, democracia, igualdade, fraternidade e por fim a tão sonhada liberdade para o povo e para as instituições que ainda estão presas à regalias imperiais dos tempos idos e que não deveriam mais voltar.
Retorno o início do texto quando afirmo que segurança não é caso de polícia. Realmente não é somente do aparato policial, a responsabilidade de reorganização social, mas nesses últimos episódios que tentam dar o viés político, já está na hora da Polícia começar a agir mais e falar menos.
Se o presidente do Senado estiver cometendo irregularidades, que se apure e que as devidas punições sejam impostas, caso seja vítima para desestabilizar o Governo, que se atue de forma objetiva e clara de modo que os reais desagregadores sejam punidos, pelo Estado e principalmente nas urnas das próximas eleições.
* Cláudio Avelar é Presidente do Sindicato dos Policiais Federais no DF, bacharel em Direito e Administração e especialista em Direito Público – www.claudioavelar.com.br

2 comentários:

  1. Ao congresso Nacional, os senhores devem lutar para que o porte de arma passe a ser liberado pelos ESTADOS e não somente pela Policia fderal, Senhores Deputados ,Semhores Senadores , vamos rever este Estatuto , pois o plebicito sinalizou para os Senhores. Vamos mudar este radicalismo, eu por exemplo como muitos outros vamos lembrar na URNA.

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  2. Prestem atenção Senhores,é necessario mudar este maldito estatuto do Desarmamento, isto é uma vergonha , o proprio povo brasileiro desmonstrou no Plebicito. OS PORTES DE ARMA DEVEM VOLTAR URGENTE A SEREM EMITIDOS PELOS ESTADOS. Estamos atentos nesse sentido na baca das URNAS.Temos campanha sendo feita neste sentidos, podem ter certeza.

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