quarta-feira, 12 de junho de 2013

Delegada cobra inquérito sobre grampo clandestino em São Paulo

 

Investigação foi aberta para apurar suspeitas de que um grupo de PMs operava um sistema clandestino de interceptações telefônicas em Presidente Prudente

Vasconcelo Quadros - iG São Paulo                             
A delegada Marilda Pansonato Pinheiro, presidente da Associação dos Delegados do Estado de São Paulo (ADPESP), cobrou da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual o resultado do inquérito aberto para apurar as suspeitas de existência de uma central de grampo clandestina na sede do Comando de Policiamento do Interior (CPI), em presidente Prudente.
 
                          
“Até agora ninguém apresentou o resultado das investigações sobre a suposta espionagem clandestina e nem o produto do monitoramento autorizado pela justiça”, diz a delegada. Ela já considera ilegal o fato de as autoridades terem admitido, em depoimento, que o sistema de escuta foi repassado para um grupo de policiais militares, mesmo com autorização judicial.
O inquérito foi aberto a pedido da entidade. O delegado de Presidente Prudente, José Carlos de Oliveira Júnior ouviu o coronel da reserva Homero de Almeida Sobrinho, assessor especial nomeado pelo ex-secretário de Segurança Antônio Ferreira Pinto para comandar a central e o promotor Lincoln Gakiya. As peças da investigação, por envolverem um membro do Ministério Público, foram então enviadas ao procurador Geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa.
Elias Rosa informou, através da assessoria de imprensa, que analisará o caso assim que o inquérito chegar a seu gabinete. Garantiu, no entanto, que até ontem ainda não tinha tomado conhecimento dos depoimentos. O militar e o promotor negam as denúncias de espionagem clandestina, admitem que o sistema de monitoramento funciona no batalhão da PM, mas afirmam que as interceptações foram feitas com autorização judicial.
Um ofício do delegado Oliveira Júnior a Marilda informa, no entanto, que o inquérito foi entregue no Fórum de Presidente Prudente no dia 8 de março com a sugestão “de remessa dos autos a Procuradoria Geral de Justiça”.
 
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A denúncia envolvendo a suspeita de espionagem clandestina contra criminosos e políticos na região de Presidente Prudente surgiram no final do ano passado, depois que o jornal Oeste Notícias - fechado há cinco meses, depois de circular por 18 anos - passou a publicar reportagens informando que mais de 400 aparelhos telefônicos, incluindo os de políticos e jornalistas, haviam sido grampeados.
O jornalista Ulisses de Souza, ex-diretor de redação do jornal, afirmou ontem ao iG que o seu telefone e o de outro repórter do jornal, Paulo Godoy, haviam sido grampeados sem autorização judicial. Segundo ele, a informação foi passada por uma fonte do jornal de dentro da própria PM de Presidente Prudente e confirmada pelos detalhes de conversas que os jornalistas travavam por telefone para apurar matérias relacionando as escutas com a ação da PM.
“Não tenho dúvida que fomos grampeados”, disse Ulisses. Segundo ele, junto com monitoramentos autorizados pela justiça, foram grampeados ilegalmente também outras pessoas. O jornal foi fechado por seu dono, o ex-deputado Paulo Lima - hoje suplente do PMDB de São Paulo na Câmara - no final de janeiro deste ano. Suas últimas edições trataram a suposta espionagem como o principal assunto. A manchete da edição de 22 de dezembro do ano passado não deixava dúvidas sobre a importância da denúncia; “Jornalista do Oeste são monitorados”, dizia o jornal no alto da primeira página. As reportagens levaram a APDESP a pedir a abertura do inquérito.
O promotor Linconl Gakiya afirmou que as denúncias, destinadas, segundo ele, a promover uma devassa em investigações autorizadas pela justiça, foram amparadas em fontes anônimas. O jornalista Ulisses de Souza afirmou que nem chegou a ser intimado para prestar depoimento no inquérito.

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